Ok, hoje aconteceu. Uma pessoa me perguntou por que o blog se chama “Gato Sorridente”. Acho que a maioria das pessoas já viu o desenho da Disney de 1950, “Alice no País das Maravilhas”, certo? Algumas outras pessoas podem ter lido os livros de Alice do autor inglês (e com uma fixação ligeiramente bizarra por essa menininha loira e curiosa filha de seu colega professor de Oxford), Lewis Carroll. Gatos não riem, certo? Mas o gato do País das Maravilhas sorri. E ele também é roxo e rosa e muito metido a safado. Eu adoro o Gato da Alice! Inclusive, ele olha para a minha cara de uma prateleira alta no meu quarto todos os dias com esse sorriso maroto e essa expressão “aí, qual é a boa de hoje?”
Como uma boa leitora iniciada pelo gênero da fantasia juvenil, na minha transição para leitora madura, li os livrinhos de Carroll com menos de 15 anos e adorei, mesmo que só fosse entende-los em toda a sua profundidade depois, na faculdade de Letras. Mas é mesmo com o desenho que eu tenho uma conexão forte. Acho que Alice no País das Maravilhas é um dos filmes mais injustiçados da Disney. Ele tem tão poucos fãs e é uma criação tão, bom, maravilhosa. Eu e minha mãe sabemos esse filme quase inteiro de cor e temos uma citação de Alice para quase qualquer situação (que só nós entendemos, o que gera situações meio estranhas de nós duas falando frases aparentemente sem nexo na frente de outras pessoas).
Ah sim, e tem minha mãe. Como uma boa bibliófila, ela lia muito para mim, desde que me entendo por gente. Acho que minha mania de ler até pegar no sono – às vezes pouco prática, porque se o livro for interessante, viro a madrugada e esqueço que existem outras coisas na vida tipo trabalho, estudo, amigos, família... – vem de todas as vezes em que ela lia para mim antes de dormir. A hora da história era a melhor hora do dia, sem comparação. E ela acabou criando um monstrinho que se alimenta de livros, esta senhorita que vos dirige a palavra.
Quando estava pensando em um nome para um espaço onde eu pudesse depositar o que eu escrevo, não queria coisas infantis e desinteressantes como “Livros da Vic”, ou “Bibliofilia”. Afinal, meu blog não falaria só de livros, deveria ser um lugar para eu jogar todas as maluquices sem gênero que eu boto no papel – na tela, na verdade, mas vocês entenderam. Pensei em um nome aleatório, como o site de cinema que se chama Omelete. Também não encontrei nada original. Aí o gatinho ali na prateleira me sorriu desse seu jeito safado. Pronto, seu maldito, conseguiu! Vai ser o protagonista do blog.
Ok, Vic, entendi. Mas o que o gato tem a ver com o rol~e todo, além da sua ligação pessoal com Alice e o fato dde ele ser personagem de um clássico literário?
Calma, jovem! Eu explico com uma citação do próprio Mestre Gato:
“O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para saiir daqui?”
“Isso depende muito de para onde você quer ir,” respondeu o Gato.
“Não me importo muito para onde,” retrucou Alice.
“Então não importa o caminho que você escolha,” disse o Gato.
“Contanto que dê em algum lugar,” Alice completou.
“Oh, você pode ter certeza que vai chegar se você caminhar bastante,” disse o Gato.
Maconha total, né? Já ouvi dizer que os criadores do desenho animado eram um bando de maconheiros doidões. Talvez por isso o resultado tenha ficado assim.
Mas convenhamos, quem nunca se sentiu como Alice? Preciso continuar, preciso tomar escolhas, mas onde elas me levarão? Temos grandes objetivos abstratos na vida, mas às vezes ficamos tão distraídos com tudo o que nos rodeia, que parece que enquanto damos um passo, o objetivo também dá mais um passo e maior que o nosso. É como perseguir a lua em uma noite clara.
Esse vazio perpassa todo a história de Alice.. Se vocês repararem, tanto no desenho como nas ilustrações do livro, as personagens estão em destaque com um contraste bem forte com o fundo, que é escuro, meio nebuloso e sem detalhes. É nesse limbo que a gente flutua, cercado de palavras e frases feitas e pessoas que agem em uma lógica que não compreendemos muito bem.
Meu jeito de lidar com esse enrosco é, descobri recentemente, a literatura, tanto a minha, como a dos livros sem fim que existem nesse mundo e podem me explicar alguma coisa sobre as doideiras como essa musiquinha fumada que meu gato listrado de rosa e roxo canta pra mim todos os dias de manhã.
Este é o primeiro post dessa seção que só é nova aqui no blog, porque ela existe em mim desde o dia em que minha mãe leu a primeira historinha do livro do Ursinho Pooh pra mim. O Diário do Gato falará sobre o meu dia-a-dia, mas não esperem dicas da minha make para o aquela festa ou a refeição vegana que preparei tão lindamente. Vocês vão adentrar nas caraminholas da minha cabeça, nas voltas e bifurcações e caminhos sem saída da minha busca pelo oelho Branco, tentando entender as dicas do meu único guia, o Gato que ri.
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